DECLARAÇÃO À NAÇÃO

"Jormalismo", música, artes em geral, crítica cotidiana, política, esportes, talvez nessa ordem de prioridades. Algo sintético, breve, objetivo, mas sem restrições. Sejam bem-vindos, e aproveitem para comunicar-se livremente.

Mais do mesmo assunto no primeiro post deste blog

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS - MÚSICA


Apesar do parâmetro ter mudado, pois cada vez menos se pensa no “lançamento físico” de um álbum, mas sim em quando foi seu “vazamento” na net, falaremos aqui de discos que estão nos dois formatos, inclusive ressaltando quando um determinado álbum está disponível apenas na internet ou também em CD. Começamos então falando destes lançamentos:
Þ          GIRLS – Album – Nada como começar com um disco de nome “emblemático” e tão “hypado” pela mídia “especializada”. Celebrou-se nesta obra um alegado retorno à atmosfera despretensiosa e experimental da música da Califórnia nos anos 60, que culminou em bandas como os Beach Boys, além do “grande alcance vocal de seu líder”, o "errante" Christopher Owens, e da “melancolia implícita” dentro de canções aparentemente escrachadas. Mas nada, absolutamente nada neste disco é digno de nota ou de qualquer comentário mais substancial. Sua voz é absolutamente irritante, sua “sofrida história de vida” não acrescenta nada à música que tenha criado, além de que o decalque de bandas daquele período é tão descarado que dá sono. Melhor esquecer que isso existe, assim poderemos ser mais felizes e menos bobo-alegres. Nota 2. Disponível em CD e download.

Þ          VAMPIRE WEEKEND – Contra – Com um nome enigmático (seria o “do contra” do português, ou o “contralto” da música erudita?), o aguardado segundo álbum da banda de New York vem numa toada um pouco diferente da estréia. A percussão perdeu um pouco do espaço para os violinos e o clima geral é de maior leveza. Talvez foi a maneira encontrada para diminuir a pressão por um disco sucedido, e isso eles conseguiram. Mesmo que não tenha atingido os níveis de energia do disco anterior, muitas músicas são absolutamente memoráveis e gostosas de ouvir. Destaque para “Horchata”, “Run” e os “quase hits” “Holiday” e “Cousins”. Nota 7,5. Disponível em CD e download.

Þ          THEE SILVER MT. ZION MEMORIAL ORCHESTRA – Kollaps Tradixionales – Esse grupo remanescente do já lendário Godspeed You Black Emperor, oriundo de Montreal (Canadá), tenta retrabalhar suas idéias (musicais e sociais) estabelecidas de forma a se tornar cada vez mais urgente e até agressivo, mas sem perder o gosto pelo blues e pelo sublime. A longa introdução “There is Light” não diz exatamente a quê o disco veio, mas o lado mais agressivo e experimental aparece logo depois em “Built Myself a Metal Bird” e em sua seqüência, de uma forma até inédita na trajetória da banda, provavelmente fruto da dissolução do coral que o acompanhava e que de certa forma direcionava a energia de todos para composições mais leves e etéreas. Mas o lado sublime vem à tona de forma magistral a partir das suítes que dão nome ao disco e especialmente na última faixa, “´Piphany Rambler”, forte e emocionante na medida certa. Grande disco de verdadeiros heróis da resistência underground. Nota 8. Disponível em download.

DISCOS AO VIVO:

As gravadoras começam a perceber que um dos possíveis problemas para a cada vez maior queda na venda de CDs possa ser a insipidez da safra atual de artistas do pop/rock, feita de gente que não vai além do segundo álbum. Assim, lançam gravações de artistas estabelecidos e respeitados para tentar salvar a própria lavoura, e acabam também por revelar o porquê deles serem o que são, pelo carisma, talento e perenidade de sua obra.

Þ          Começamos falando do NIRVANA, gravado no Festival de Reading em 1992, quando a banda estava no seu auge. O artigo de José Flávio Júnior na edição de janeiro da revista Bravo! resume tudo o que se podia dizer do show (irônico, como a já clássica imagem de Kurt acima, entrando no palco; enérgico, poderoso, etc), mas faltou dizer que esse era o retorno ao festival inglês depois de 2 anos, pois foi a aparição deles ali em meados de 1990 que fez com que se despertasse maior atenção para o que eles poderiam fazer (aquele foi inclusive o primeiro show onde tocaram “Smells Like Teen Spirit”, do vindouro álbum “Nevermind”). Som alto, no talo, com música que parece não acabar mais.

Þ          Outro álbum assim é o do R.E.M., gravado em Dublin em 2008, em que se alardeia na capa o fato do álbum conter 39 canções da longeva banda. Tem de tudo, desde o primeiro álbum até o então último, para o qual estavam em turnê. O álbum não capta tão bem a atmosfera do público, mas a banda está vigorosa, tanto que há poucas baladas no repertório. Vale mais pelo registro oficial, mesmo que já houvessem outras tantas gravações de shows memoráveis deles espalhadas por aí.

P.S. Quem você acha que o Peter Buck queria "impiechar"? Vale qualquer resposta!! A melhor delas ganha uma prenda.

Þ          Um artista para o qual não há prejuízo de se ouvir mais e mais é seguramente LEONARD COHEN, aqui revivido através de sua performance desconcertante no festival de Isle of Wight, Inglaterra, em 1970. Nota-se o quanto estava apreensivo e incomodado com o clima de latente violência por parte do público de 600 mil (!!!!!) pessoas. Isle of Wight deveria ser um equivalente inglês a Woodstock, mas os jovens ingleses nunca se entregaram totalmente à filosofia hippie, sempre demonstrando um pendor por um comportamento mais agressivo (que poderia explicar porquê Iggy Pop e o “punk” em geral explodiram em sucesso primeiro por lá) e também fazendo do festival uma salada de várias tendências políticas de esquerda, quase como um Fórum Social Mundial, mas com todo mundo á flor da pele. Mas com o poder de sua música e o respeito a ela por parte do público todo o ambiente acabou sendo pacificado de forma memorável. O áudio tem qualidade de bootleg, mas isso é o de menos. Ouça cada minuto com deleite, tanto do CD quando do DVD que o acompanha, com algumas das performances do concerto entremeadas com entrevistas da época.

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